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“Circo da Miséria” retrata arte urbana com temática tocante

A arte urbana e suas características serão objetos de estudo do projeto interdisciplinar do 9º ano do Ensino Fundamental II, do Colégio Rio Branco Campinas. Como estopim do projeto, o ator Jeferson Vasques Rodrigues foi convidado a se apresentar na escola com a peça “Circo da Miséria”, um “desespetáculo”, como ele mesmo o caracteriza, que apesar da entonação cômica da personagem, aborda assuntos nem um pouco alegres: a população em situação de rua e a miséria.

Ao trazer o artista para iniciar o trabalho com o 9º ano, os alunos puderam notar como é feita a caracterização das personagens na arte de rua, como acontece o pagamento pelas apresentações, os componentes dos cenários, e as temáticas esmiuçadas nas tramas. “Buscamos a sensibilização e novos olhares para despertar nos alunos a ideia de que a cidade é um lugar vivo; a rua é pública, e a sua arte, representada aqui com o teatro, é secular”, diz Lucas Sanches Oda, professor de Literatura, que conduziu a apresentação da peça aos alunos.

Cintia Patrick Capelato, coordenadora pedagógica do Fundamental II, comenta que um dos principais intuitos do trabalho proposto pelos professores era acabar com o estereótipo de informalidade e descaso que muitos artistas de rua possuem. “Essa falta de ambição ou preguiça muitas vezes atribuídas aos artistas urbanos podem ser fruto de uma condição social para muitos deles, e a apresentação de hoje já me mostrou que muitos alunos se sensibilizaram com a situação do palhaço que ele representa. Ao mesmo tempo que isso é próximo, pois acontece ao nosso lado nas ruas, é também distante, pois não faz parte da realidade de todos aqui a ponto de conseguirmos mensurar situações como passar fome e frio, por exemplo”, explica a coordenadora.

Palhaço há mais de dez anos, Jeferson criou o “desespetáculo” a partir da vivência com a população de rua que frequentava um centro de acolhimento em Campinas. Durante essa oportunidade, ele desenvolveu oficinas de teatro e palhaço com os frequentadores, e a partir dessa experiência, foi criando o roteiro da peça, inspirada na tradição dos palhaços vagabundos, que tem como ícone a personagem Carlitos, de Charlie Chaplin. “Espero que eles quebrem a barreira que somos educados a construir com relação à população de rua. Somos educados a vê-los como pessoas maldosas, perigosas, loucas até, e espero que eles possam entender que essas pessoas também são boas e têm sonhos. É uma maneira de nos aproximarmos um pouco mais dessa realidade de forma alegre, mas também comovente”, relata o ator.

Beatriz Carvalho Panepucci é estudante do 9º A e estava na plateia assistindo à performance do ator. Para ela, a apresentação foi muito tocante. “Não imaginávamos que certas coisas podiam existir, como a agressividade que o silêncio pode trazer a uma pessoa, os sentimentos obscuros que nascem a partir do isolamento social e ninguém percebe. Mas certamente o final foi o mais impactante, quando ele perdeu a essência de palhaço e expôs seus sentimentos”, revela. Linus Maron Vichi Ruiz, do 9º ano C, é aluno do curso extracurricular de Teatro do colégio, e ficou surpreso com o enredo e a interpretação de Jeferson. “O teatro foi engraçado e ao mesmo tempo reflexivo, pois a história que ele contou é uma realidade para muita gente no país”, comentou.

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