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Alunos do EF-8 estudam sobre liberdade de expressão e body shaming

Motivado pela palestra sobre autoimagem e autoestima realizada para as turmas do 8º ano durante as aulas de educação física e socioemocional, o professor de Produção de texto, Vinicius Perin, abordou o tema Body Shaming para trabalhar o gênero diário pessoal com os alunos. 

Por meio de aulas expositivas e discussões sobre body shaming, termo em inglês que se refere a uma vergonha do corpo causada pelo outro, a partir de comentários e atitudes, os estudantes foram orientados a fazer o seu diário pessoal.

“A proposta foi a seguinte: o estudante deveria assumir a posição de um aluno do 8º ano, que sempre se viu livre de preconceitos e que sempre apoiou a igualdade entre as pessoas, mas que, após a aula sobre body shaming, se deu conta de que, no passado, foi atuante, testemunha ou vítima dessa prática. A partir disso, cada aluno escreveu sobre o episódio, explicando o que é body shaming e expondo os sentimentos gerados no autor do diário, já que se trata de um texto pessoal. Os alunos ficaram livres para criar personagens ou relatar histórias pessoais”, contou Vinicius.

O professor também relatou que um dos objetivos principais era trabalhar com os estudantes a ideia do padrão estético e, a partir disso, ajudá-los a compreender por que somos tão insatisfeitos com nossos corpos e se realmente precisamos nos odiar. Um ponto central do debate foi entender que o corpo do outro não é um domínio público e, por isso, não se deve comentar livremente sobre o corpo alheio, mesmo que isso seja naturalizado em nossa sociedade.

Além disso, a autoimagem e a autoestima foram abordados através da ideia dos diferentes biotipos corporais existentes em nossa sociedade, explicando que, mesmo que exista um padrão de beleza desejado,  nenhum corpo é errado e todos devem ser respeitados. O professor também ressaltou para os alunos que alimentação e exercícios devem ser atrelados ao desejo de ter uma vida saudável e não com o foco exclusivo em atender ao padrão de beleza vigente, pois isso pode trazer consequências que afetam a saúde mental e física, já que cada corpo tem um ritmo diferente e muitos, por conta de seu biotipo, terão muita dificuldade em atingir o padrão tido como belo.

Para Laura, do 8M2, foi muito importante estudar esse tema, pois, até então, ela não havia sido apresentada a esse conceito e, segundo ela, são situações que estão suscetíveis a acontecerem no ambiente escolar. Laura conta que, quando era mais nova, ouviu comentários sobre seu corpo e sobre seu sorriso que a fizeram querer mudar sua aparência para não ouvir mais comentários sobre ela. Sobre os resultados das aulas, Fernanda diz: “eu acho que as pessoas ficam mais conscientes que não é legal fazer isso com os outros. Às vezes, a pessoa pode ter alguma condição que faz com que o corpo seja de tal maneira e ela não tem como mudar isso.”.

Maria Fernanda, do 8T1, entende já ter sido vítima e testemunha de body shaming e diz que gostou de elaborar o tema na escrita do diário pessoal: “enquanto o professor ia falando sobre o tema na aula, eu ia lembrando de situações. Eu acho que escrever sobre isso foi até um desabafo sobre essas situações que aconteceram comigo e com amigos meus. Acho que foi uma forma de desabafar mesmo, porque, pra mim, escrita é terapia”. A aluna também acredita na repercussão positiva sobre a discussão em sala de aula: “é como um alerta pra percebemos que, às vezes, a gente não identifica o que um comentário pode gerar na outra pessoa. Então, pelo menos para mim e para os meus amigos, com quem eu conversei depois daquela aula, foi um alerta de que a gente tem que pensar muito bem antes de falar alguma coisa e, se a gente falar algo sem pensar, depois temos que tentar entender o lado da outra pessoa, estar disposta a escutar e a aprender. Acho que falar sobre isso é muito importante para as pessoas se educarem sobre esse tema”.

Apesar de ser uma discussão nova para a maioria dos estudantes, eles se engajaram nas aulas e puderam compreender aspectos que serão muito importantes nessa e nas próximas etapas de suas vidas. “Agora tem um impacto, mas acredito que lá na frente faça mais sentido ainda. É interessante a gente ter essas discussões agora porque elas podem ter um impacto muito diferente no futuro: o modo com que a gente lida com o nosso corpo, o modo como a gente lida conosco, com tudo. No final da aula, alguns alunos vieram falar: ‘obrigada por essa aula, acho que é muito importante discutir isso porque a gente nunca parou para pensar que comentar sobre o corpo do outro pode fazer a outra pessoa se sentir muito mal.”, afirma Vinicius.

Por meio das conversas, os alunos puderam concluir que comentar sobre o corpo do outro não é um direito de liberdade de expressão, porque pode fazer pessoas se sentirem oprimidas e com a sua liberdade tomada. E todo esse aprendizado está se materializando na produção de seus diários pessoais.

 

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