No dia 12 de maio, recebemos mais uma vez em nosso colégio o Instituto Iris Cão-Guia, representado pelos voluntários Marcos Roquette e Marcelo Panico. A ONG é referência na atuação em prol da inclusão e melhoria da qualidade de vida para as pessoas com deficiência visual, por meio do treinamento e doação de cães-guias. A visita marcou um momento de aprendizado profundo sobre inclusão e acessibilidade para os alunos do EF-3.
Durante a visita, Marcos, responsável pelo trabalho de socialização dos cães, explicou para os alunos como funciona essa etapa essencial da formação dos futuros cães-guia. É nesse período que o filhote é adotado por uma família socializadora, que o capacita a atender comandos básicos, manter um bom comportamento em espaços públicos e, principalmente, a compreender a diferença entre o momento de lazer e o momento de trabalho.
Em seguida, Marcelo, que é deficiente visual e usuário de cão-guia, apresentou para as crianças sua rotina, explicando todo o processo envolvido no treinamento e convivência com Ruddy, seu parceiro.
Marcelo, de 56 anos, é advogado e perdeu a visão aos 33 anos, após um problema na retina, e partilhou sobre esse processo com as crianças:
“Perder a visão foi um momento muito difícil da minha vida. Eu tive que reaprender tudo. Tive que passar por um processo que a gente chama de luto — que é quando a gente perde algo importante, como um ente querido, um animal de estimação ou mesmo, como no meu caso, a visão. Fiquei dois anos sem entender direito o que estava acontecendo, triste, desanimado, em casa, achando que minha vida tinha acabado.”
Com o nascimento de sua filha, Marcelo decidiu retomar suas atividades e iniciou seu processo de reabilitação e contou que, antes de ter um cão-guia, precisou passar por um processo em que aprendeu a fazer de novo quase tudo o que fazia antes, agora, sem enxergar. A reabilitação aconteceu na Fundação Dorina Nowill para Cegos, onde, hoje, ele trabalha.
“Lá, reaprendi coisas básicas, como cortar um alimento no prato, preparar um café, limpar a casa, tudo sem usar a visão”, contou.
Marcelo também ressaltou a importância do cão-guia para a autonomia e qualidade de vida das pessoas com deficiência visual. Segundo ele, o cão possibilita à pessoa com deficiência fazer muitas coisas sem ajuda de outras pessoas, como atravessar a rua, encontrar a saída de lugares, entre outras coisas:
“Quando temos um cão-guia, é ele quem nos ajuda a encontrar essas coisas”, afirmou.
Depois de ficarem por dentro de todo o processo, os alunos fizeram perguntas ao Marcelo, que prontamente os respondeu e, em seguida, permitiu-lhes fazer carinho em Ruddy.
Após o evento, ao ser perguntado sobre a importância de estar em nosso Colégio compartilhando sua trajetória com nossos alunos, Marcelo disse:
“Ah, é fundamental. É assim que a gente transforma o mundo. Eu trabalho com políticas públicas, e a gente só transforma a sociedade através da educação. Então, para mim, isso é uma alegria muito grande. A importância, o impacto, é fantástico. Porque eu tenho certeza de que isso vai se replicar dentro de casa, com os colegas de sala; eles vão ser influenciadores na sociedade. É assim que a gente transforma a sociedade brasileira e o mundo.”
Confira os registros: